segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de Março

Foi com este mesmo título que, há 27 anos, publiquei no "Divulgação", o Boletim das Actividades Culturais, Educacionais, Desportivas e de Tempos Livres da Câmara Municipal de Coruche, um texto dedicado ao Dia Internacional da Mulher.
Na altura, com apenas 21 anos, era Animador Cultural e Desportivo daquela autarquia, tendo sido o responsável e redactor daquele Boletim durante muito tempo.
 E porque hoje é dia 8 de Março, rebusquei nos meus papeis e lá encontrei um exemplar do "Divulgação" de Março de 1983, onde é publicado o referido texto que abaixo reproduzo.


Foi no dia Internacional da Mulher que ela recordou o tempo em que brincava com bonecas de trapo; recordou quando foi à escola e não chegou a aprender a ler porque o seu trabalho era necessário para que entrassem mais uns tostõezitos em casa.
E com um sorriso recordou o namoro às escondidas e os truques que tinha de utilizar para se encontrar como seu Zé. E recordou os dias em que nascerem os seus sete filhos, as carícias que lhes dava e o sentir ser mãe.
Recordou o casamento dos seus filhos e quando a sua filha mais nova morreu quando tentou abortar clandestinamente.
Recordou tudo, tudo o que uma mulher passou para sobreviver ao tempo, às lutas e às conquistas.
Recordou quando em Abril de 1975 votou pela primeira vez.
A sua memória não parou quando no dia 8 de Março os filhos, netos e marido lhe deram um simples beijo de gratidão por ter sido mulher.
E com 70 anos, os seus olhos brilharam e a sua face esboçou um sorriso, por se ter reconhecido MULHER.